O behaviorismo
filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos pensamentos e das
concepções, baseado na idéia de que estado mental e tendências de comportamento
são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos modos de ser da mente
humana é semelhante às descrições de padrões comportamentais. Esta linha
teórica analisa as condições intencionais da mente, seguindo os princípios de
Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um espaço predominante na
Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta esfera. O
desenvolvimento das Neurociências, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que
ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio
dos estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de
estudiosos renomados como Noam Chomsky
, o qual alega que esta teoria não é
suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o
Behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes.
2ª FORÇA:PSICANÁLISE
A Psicanálise foi criada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud,
com o objetivo de tratar desequilíbrios psíquicos. Este corpo teórico foi
responsável pela descoberta do inconsciente – antes já desbravado, porém em
outro sentido, por Leibniz e Hegel -, e a partir de então passou a abordar este
território desconhecido, na tentativa de mapeá-lo e de compreender seus
mecanismos, originalmente conferindo-lhe uma realidade no plano psíquico. Esta
disciplina visa também analisar o comportamento humano, decifrar a organização
da mente e curar doenças carentes de causas orgânicas.
Freud foi inspirado
pelo trabalho do fisiologista Josef Breuer, por seus trabalhos iniciais com a
hipnose, que marcaram profundamente os métodos do psicanalista, embora mais
tarde ele abandone essa terapêutica e a substitua pela livre associação. Ele
também incorporou à sua teoria conhecimentos absorvidos de alguns filósofos,
principalmente de Platão e Schopenhauer. Freud interessou-se desde o início por
distúrbios emocionais que na época eram conhecidos como ‘histeria’, e
empenhou-se para, através da Psicanálise, encontrar a cura para estes
desajustes mentais. Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala,
descobrindo assim o reino onde os desejos e as fantasias sexuais se perdem na
mente humana, reprimidos, esquecidos, até emergirem na consciência sob a forma de
sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente.
Freud organiza em seu
corpo teórico dados já conhecidos na época, como a idéia de que a mente era
dividida em três partes, as funções que lhe cabiam, as personalidades que nasciam
de cada categoria e a catarse. Essa espécie de sincretismo científico deu
origem a inúmeras concepções novas, como a sublimação, a perversão, o
narcisismo, a transferência, entre outras, algumas delas bem populares em
nossos dias, pois estes conceitos propiciaram o surgimento da Psicologia
Clínica e da Psiquiatria modernas. Para a Psicanálise, o sexo está no centro do
comportamento humano. Ele motiva sua realização pessoal e, por outro lado, seus
distúrbios emocionais mais profundos; reina absoluto no inconsciente. Freud, em
plena era vitoriana, tornou-se polêmico, e sua teoria não foi aceita
facilmente. Com o tempo, porém, seu pensamento tornou possível a entrada do
tema sexual em ambientes antes inacessíveis a esta ordem de debates.
A teoria psicanalítica
está sintetizada essencialmente em três publicações: Interpretação dos Sonhos,
de 1900; psicopatologia da Vida Cotidiana”, que contém os primeiros
princípios da Psicanálise; e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, na
qual estão os esboços básicos desta doutrina. No atendimento clínico, o
paciente, em repouso, é estimulado a verbalizar tudo que brota em sua mente –
sonhos, desejos, fantasias, expectativas, bem como as lembranças da infância.
Cabe ao psicanalista ouvir e interferir apenas quando julgar necessário, assim
que perceber uma ocasião de ajudar o analisando a trazer para a consciência
seus desejos reprimidos, deduzidos a partir da livre associação. No geral, o
analista deve se manter imparcial.
Para Freud toda
perturbação de ordem emocional tem sua fonte em vivências sexuais marcantes,
que por se revelarem perturbadoras, são reprimidas no Inconsciente. Esta
energia contida, a libido, se expressa a partir dos sintomas, na tentativa de
se defender e de se preservar, este é o caminho que ela encontra para se
comunicar com o exterior. Através da livre associação e da interpretação dos
sonhos do paciente, o psicanalista revela a existência deste instinto sexual.
Essa transferência de conteúdo para o consciente, que provoca uma intensa
desopressão emocional, traz a cura do analisando. A mente, dividida em Id, Ego
e Superego, revela-se uma caixinha de surpresas nas mãos de Freud. No Id,
governado pelo ‘princípio do prazer’, estão os desejos materiais e carnais, os
impulsos reprodutores, de preservação da vida.
No Ego, ou Eu, regido
pelo ‘princípio da realidade’, está a consciência, pequeno ponto na vastidão do
inconsciente, que busca mediar e equilibrar as relações entre o Id e o
Superego; ele precisa saciar o Id sem violar as leis do Superego. Assim, o Ego
tem que se equilibrar constantemente em uma corda bamba, tentando não se deixar
dominar nem pelos desejos insaciáveis do Id, nem pelas exigências extremas do
Superego, lutando igualmente para não se deixar aniquilar pelas conveniências do
mundo exterior. Por esse motivo, segundo Freud, o homem vive dividido entre
estes dois princípios, o do Prazer e o da Realidade, em plena angústia
existencial. O Superego é a sentinela da mente, sempre vigilante e atenta a
qualquer desvio moral. Ele também age inconscientemente, censurando impulsos
aqui, desejos ali, especialmente o que for de natureza sexual. O Superego se
expressa indiretamente, através da moral e da educação. Na fase oral, o desejo
está situado na boca, na deglutição dos alimentos e no seio da mãe, durante a
amamentação. Na fase anal, o prazer vem da excreção das fezes, das brincadeiras
envolvendo massas, tintas, barro, tudo que provoque sujeira. Na fase genital ou
fálica, o desejo e o prazer se direcionam para os órgãos genitais, bem como
para pontos do corpo que excitam esta parte do organismo. Nesse momento, os
meninos elegem a mãe como objeto de seu desejo – constituindo o Complexo de
Édipo, relação incestuosa que gera também uma rivalidade com o pai -, enquanto
para as garotas o pai se torna o alvo do desejo – Complexo de Eletra.
Outros pontos
importantes da Psicanálise são os conceitos de perversão – ocorre quando o Ego
sucumbe às pressões do Id, escapa do controle do Superego e não consegue se
sublimar, e pode assim atingir uma dimensão social ou coletiva, como, por
exemplo, o nazismo -, e de Narcisismo – o
indivíduo se apaixona por sua própria imagem, cultivando durante muito tempo
uma auto-estima exagerada.
3ª FORÇA: HUMANISMO
A Psicologia Humanista surgiu na década de 50 e ganhou força nos anos 60 e
70, como uma reação às idéias de análise apenas do comportamento, defendida
pelo behaviorismo e do enfoque
no inconsciente e seu determinismo, defendido pela psicanálise.
A grande divergência
com o Behaviorismo é que o Humanismo não aceita a idéia do ser humano como
máquina ou animal, sujeitos aos processos de condicionamento. Já em relação à
Psicanálise, a reação foi à ênfase dada no inconsciente, nas questões
biológicas e eventos passados, nas neuroses, psicoses e na divisão do seu
humano em compartimentos.
De forte influência
existencial e fenomenológica, a Psicologia Humanista busca conhecer o ser
humano, tentando humanizar seu aparelho psíquico, contrariando assim, a visão
do homem como um ser condicionado pelo mundo externo. No
existencialismo, o ser humano é visto como ponto de partida dos processos de
reflexão e na fenomenologia, esse ser humano tem consciência do mundo que o
cerca, dos fenômenos e da sua experiência consciente.
A maior contribuição
dessa nova linha psicológica é a da experiência consciente, a crença na
integralidade entre a natureza e a conduta do ser humano, no livre
arbítrio, espontaneidade e poder criativo do indivíduo.
A realidade, para a
Psicologia Humanista, deve ser exposta à temporalidade, deve ser fluída e não
estática, permitindo que ao indivíduo a perspectiva de sua totalidade,
desmistificando a idéia de uma realidade pura, confrontando-a com outras
realidades. A integração entre o indivíduo e o mundo, permite que ele sinta a
realidade presente, libertando-se das exigências do passado e do futuro.
Um dos principais
teóricos da Psicologia Humanista foi Abraham Maslow(1908-1970), americano,
considerado o pai espiritual do movimento humanista, acreditava na tendência
individual da pessoa para se tornar auto-realizadora, sendo este o nível mais
alto da existência humana. Maslow criou uma escala de necessidades a serem
satisfeitas e, a cada conquista, nova necessidade se apresentava. Isso faria
com que o indivíduo fosse buscando sua auto-realização, pelas sucessivas
necessidades satisfeitas, conforme gráfico abaixo:
Outro
grande teórico da Psicologia Humanista foi Carl Rogers (1902-1987),
americano, que baseou seu trabalho no indivíduo. Sua visão humanista surgiu
através do tratamento de pessoas emocionalmente perturbadas. Ele trabalhou com
um conceito semelhante ao de Maslow, a que deu o nome de tendência atualizante,
que é a tendência inata de cada pessoa atualizar suas capacidades e potenciais.
Defendeu, também, a
idéia de autoconceito como um padrão organizado e consciente das
características de cada um desde a infância que, à medida que novas
experiências surgem, esses conceitos podem ser substituídos ou reforçados. Para
ele, a capacidade do indivíduo de modificar consciente e racionalmente seus
pensamentos e comportamentos, fornece a base para a formação de sua
personalidade.
Para Rogers, os
indivíduos bem ajustados psicologicamente têm autoconceitos realistas e a
angústia psicológica é advinda da desarmonia entre o autoconceito real (o que
se é de fato) e o ideal para si (o que se deseja ser). Ele acreditava que o
sujeito deveria dar a direção e o conteúdo do tratamento psicológico, por ter
ele suficientes recursos de autoentendimento para mudar seus conceitos. A
terapia centrada na pessoa e não em teorias, nasceu dessa idéia.
As críticas a essa
abordagem centrada na pessoa residem no fato de que indivíduos com distúrbios
mais graves, não teriam suporte emocional suficiente para um autoconhecimento e
modificação de conceitos. Porém, mesmo com essa deficiência, a abordagem
centrada na pessoa, possui muitos adeptos, por valorizar as pessoas, adaptando
as teorias a elas e não elas a teoria.
4ª FORÇA: PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
A Psicologia Transpessoal é a tendência mais moderna dentro da psicologia,
coerente com os ideais holísticos que buscam, hoje, transcender as dualidades.
Esta vertente nasceu na década de 60, no auge da contracultura e das
experiências com estados alterados da consciência, desde os provocados pelo uso de substâncias
alucinógenas até os que derivam de vivências místicas, próprias das tradições
espirituais.
Esta corrente é
definida por Abraham Maslow, um de seus fundadores, como a ‘quarta força’ da
Psicologia, antecedida pelo behaviorism de Pavlov, pela psicanálise criada
por Freud e pela linha humanista, baseada na Fenomenologia e no
Existencialismo. A Psicologia Transpessoal tornou-se oficial em 1968, com a
união de Vitor Frankl, Stanislav Grof, James Fadiman, Antony Sutich e Maslow.
A escola transpessoal
não se contenta apenas com a dimensão do ego, explorada pelas outras
vertentes, pois a considera muito limitada. Assim, seus adeptos procuram
explorar outras esferas conscienciais, que transcendem o universo egóico. A
psique humana é vista de uma forma mais ampla, além do indivíduo, quando as
pesquisas se estendem às condições não comuns da consciência, ultrapassando o Estado
de vigília.
Algumas experiências,
inclusive com elementos psicodélicos, revelaram a existência de percepções
distintas das realizadas pela personalidade convencional do sujeito, bem como
comportamentos aparentemente sintonizados com outras freqüências vibratórias, cada
uma delas se conectando a um tipo específico de procedimento humano. Alguns
destes estudos, empreendidos ainda no final do século passado por psicólogos e
psiquiatras de renome, portanto antes do nascimento da Psicologia
Transpessoal, colocavam em dúvida o papel do acaso ou de condicionamentos
culturais na formação da identidade, ou seja, na separação entre o ‘eu’ e o
mundo. Estas pesquisas relacionavam a consciência a um padrão semelhante ao
eletromagnético.
A Psicologia
Transpessoal realiza uma combinação de princípios de várias correntes
psicológicas, como a junguiana, as de Maslow, Viktor Frankl, Fritjof Capra, Ken
Wilber e Stanislav Grof, com postulados da moderna Física Quântica, envolvendo
também aspectos do budismo tibetano. Pode-se dizer, assim, que ela busca a
verdade do ser, as realidades mais profundas da mente e do espírito. O
movimento espírita, no Brasil, se sintonizou particularmente com esta vertente
psicológica, por suas jornadas no campo espiritual, que muito têm contribuído
para a compreensão dos fenômenos considerados mediúnicos.
Obedecendo às
tendências holísticas atuais, a Psicologia Transpessoal vê o homem como
um ser integral, não só corpo, mas também alma e espírito, com habilidades
potenciais para ir além da matéria, para um universo que transcende o
Espaço-tempo de Newton, baseando-se assim nos conceitos da Física Quântica e da
teoria da relatividade . Esta junção interdisciplinar oferece uma base
sólida para o desenvolvimento dos aspectos científicos da transpessoalidade. Estes
princípios se unem à crença dos adeptos desta corrente no potencial humano de
transmutar seus estados de consciência. Ela envolve também estudos da Biologia,
da Lingüística, da Antropologia, da Sociologia e da Neurologia, entre outras
disciplinas.